sexta-feira, 16 de maio de 2014

O BRAÇO ESQUERDO DE DEUS


Autor: Paul Hoffman

Título original: The left hand of God



Sinopse: A sua chegada foi profetizada. Dizem que ele destruirá o mundo. Talvez o faça...
"Escutem. O Santuário dos Redentores, em Shotover Scarp, é uma mentira infame, pois lá ninguém encontra santuário e muito menos redenção."
O Santuário dos Redentores é um lugar vasto e isolado - um lugar sem alegria e esperança. A maior parte dos seus ocupantes foi levada para lá ainda em criança para servir a Única e Verdadeira Fé. Um jovem acólito ousa violar as regras e espreitar por uma janela. É um rapaz estranho e reservado, até ao dia em que abre a porta errada na altura errada e testemunha um acto tão terrível que a única solução possível é a fuga.
Mas os Redentores querem Cale a qualquer preço... não por causa do segredo que ele sabe mas por outro de que ele nem sequer desconfia.




Agora que o 3º livro desta trilogia foi editado, decidi ler os três de seguida. Já há bastante tempo que estava para começar a ler esta obra de Hoffman que se tornou numa grande êxito há uns anos.

Este é um livro muito interessante, principalmente agora que já li toda a trilogia. O autor demonstra algum planeamento no enredo, mas é também neste livro que existe uma maior confusão, pois fica a ideia que o autor ainda não tinha bem definido a forma como ia contar a história. Torna-se notório que o autor tenta misturar várias formas de escrita, e na grande maioria das situações até funciona bem, apesar de existirem outros momentos em que a mudança de ritmo é demasiado abrupta e estranha-se. Todavia, o autor consegue dar três características muito interessantes à narrativa: comédia, frieza e descrições detalhadas. 

Com esta mistura na narrativa, o autor consegue proporcionar momentos cómicos e que retiram ao livro o ambiente pesado em que o enredo se passa. No entanto, estes momentos de comédia, onde a própria escrita se torna mais simples, não consegue fazer sombra à escrita crua e fria com que o autor faz algumas descrições, não só de locais e ações, mas também na própria personagem principal, Cale, um protagonista com o qual não é fácil simpatizarmos mas sobre o qual rapidamente recai algum fascínio. 

No ritmo da narrativa o autor faz uma verdadeira montanha-russa entre momentos bastante lentos, onde são feitas algumas descrições, e outros bastante rápidos, de cortar a respiração, principalmente no final, verdadeiramente frenético. Ainda sobre as descrições, Hoffman parece exagerar em alguns momentos, pois dá muita importância ao detalhe, mas quando lemos toda a trilogia fica a sensação de que globalmente a saga ganha com esses pormenores que no início parecem exagerados.

Mas o grande trunfo é a personagem principal, Cale, um homem frio e com uma personalidade única, bem demonstrada, não só nas suas ações, mas principalmente nas forma como pensa e encara o mundo. Coerente e capaz de captar a atenção do leitor rapidamente, torna-se óbvio que o autor aposta bastante nesta personagem e quer que exista uma ligação forte entre nós e Cale. Olhando globalmente para este livro e depois para toda a trilogia, o autor descreve muito mais as restantes personagens nos livros seguintes, mas neste a nossa atenção está em Cale. Esta estratégia resulta num livro ao qual parece faltar algo, mas a ligação com Cale está criada, e resulta plenamente para os próximos livros onde o autor torna tudo mais coeso.

Outro aspeto interessante é o mundo criado pelo autor. No início estranha-se e choca-nos com a sua violência, mas rapidamente tudo começa a fazer sentido apesar de neste livro ainda ficar muito por explicar. O enredo é bom, é original em alguns momentos, tal como é um pouco óbvio noutros, mas o final consegue criar o impacto que nos obriga a ler o próximo livro o mais rápido possível.

Tendo já lido a trilogia posso dizer que esta acaba muito bem. Olhando apenas para este primeiro livro, está abaixo do 3º que acaba a saga, mas é uma obra que cria ligações e bases importantes. Focado num público que goste do género e não tenha problemas com algumas descrições mais violentas, este é um livro interessante, mas que não é fantástico por si só. No entanto, torna-se muito melhor quando lemos toda a trilogia.

Luís Pinto

4 comentários:

  1. Já olhei muitas vezes para esta capa, mas nunca me puxou muito. Pelo que tenha noção foi uma saga que vendeu bastante mas vou ficar à espera da tua opinião aos três livros e depois decido.

    Abraço

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  2. Há muito tempo que ando de olho neste livro mas acabo por nunca o comprar nas feiras. A capa é fantástica!

    Vou aproveitar para ver a tua opinião à saga toda e talvez o compre na próxima feira. Como são 3 livros é preciso aproveitar os descontos.

    Boas leituras,
    Fonseca

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  3. Li este livro, e gostei. Comprei o segundo, mas não "engrenei" com ele. Não o consegui ler, por muito que tentasse. Irei voltar a insistir, com o ânimo que talvez o final me venha a convencer...

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  4. Olá Luis!

    A sinopse deixou-me curiosa acerca desta triologia. Apesar de ter esses aspectos menos positivos, continua a parecer uma leitura agradável, daquelas que nos prendem pelo desejo de ver como se desenrola a história, mais que pelo estilo literário. Será uma triologia a experimentar. :)

    Bárbara
    http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/

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