sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

DRÁCULA


Autor: Bram Stoker




Sinopse: Drácula, o sinistro conde da Transilvânia, só pode ser morto por uma estaca espetada em pleno coração. Até que alguém consiga fazê-lo, porém, continuará a alimentar-se do sangue de inocentes, e estes, tornados mortos-vivos, passarão também a sofrer da insaciável sede de sangue. Mas como se conseguirá preparar uma armadilha a um monstro com vastos poderes e com a sabedoria dos séculos?


O vampiro mais famoso do mundo nasceu aqui, com as palavras de Bram Stoker, misturando mitos e lendas, e dando-lhe uma profundidade e um ambiente que o tornaram no clássico que todos conhecemos.

"O Conde sorriu, os seus lábios abriram-se sobre as gengivas e os compridos e aguçados dentes caninos apareceram estranhamente…"

Na realidade, não existe muito que eu possa dizer sobre este livro que um leitor interessado ainda não saiba. Estamos perante um grande livro com um grande ambiente e uma fantástica personagem principal. Começando pelo ambiente, Stoker emprega uma escrita sombria e bonita para descrever o mundo no qual Drácula se movimenta. A tenção é quase palpável enquanto lemos sobre este homem, as suas caçadas e as suas lutas interiores.

Para mim, o melhor desta grande obra de Stoker está em nunca deixar o leitor sair desta atmosfera sombria. Em todas as páginas, ao entrarmos na história, sentimos a escuridão da noite, o nevoeiro à nossa volta, e a necessidade de Drácula em alimentar-se. E esta necessidade, que promove o medo do povo, é, na realidade, a grande base do livro, mesmo que de forma indireta durante boa parte do enredo.

Claro que cada leitor terá uma forma distinta de ver e absorver esta fantástica personagem, mas no meu caso o meu pensamento esteve sempre ligado à luta interior de Drácula, entre a noção de que não está a fazer o correto, a noção de que é diferente e está sozinho no mundo, e a sua incurável necessidade de se alimentar, praticando atos horrendos. E, paradoxalmente, ao praticar atos horrendos, transforma outros em seres iguais a si, deixando de estar, mesmo que indiretamente, sozinho.

E é a profundidade deste personagem que nos prende, porque, ao mesmo tempo, repudiamos os seus atos mas queremos que se salve, numa mistura de sentimentos que nos puxam durante uma narrativa pesada mas rápida o suficiente para não a largarmos. Drácula não é o grande clássico dos vampiros apenas por ter sido o primeiro a misturar os factos que hoje todos os vampiros têm, mas também porque é, provavelmente, o melhor livro de vampiros. Este é o livro que nos agarra ao ponto de pensarmos o que faríamos nós se fossemos Drácula. Até que ponto resistiríamos? Até que ponto o conhecimento adquirido durante séculos de vida nos muda a nós enquanto humanos, e também enquanto seres a observar o resto da humanidade?

Se nunca leram Drácula e gostam do género, este livro é obrigatório, nem que seja para perceberem como tudo começou, com este conde que nunca chega a dizer ao leitor se quer seja respeitado, amado, ou temido...

Luís Pinto

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Passatempo: O Poço da Ascensão


PASSATEMPO

O Poço da Ascenção

Saga - Nascida nas Brumas - Livro II



É com grande prazer que, em parceria com a editora Saída de Emergência, anunciamos este passatempo. Esta é uma saga que me está a surpreender bastante e que tem vindo a provar o porquê de ser a saga com melhor pontuação no Goodreads!

Para se habilitarem a ganhar basta serem fãs ou seguidores do blog e preencherem o formulário com os vossos dados e partilharem o passatempo.

O passatempo apenas permite uma participação por pessoa e termina dia 9 de março

Boa sorte a todos!

Podem ler as minhas opiniões aos livros da saga aqui:




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

ADIVINHA QUEM SOU


Autor: Megan Maxwell

Título original: Adivina quién soy



Sinopse: Yanira muda-se para Barcelona e começa a trabalhar como camareira num cruzeiro de férias. No navio também está Dylan, um atraente empregado da secção de manutenção que quase nem lhe liga. O que ela não sabe é que ele a observa mais do que pensa e, apesar dos mal-entendidos que surgem entre eles, a atracção que sentem fá-los-á encontrarem-se e partilhar um sem-fim de jogos mórbidos, divertidos e sensuais.


Com este livro da famosa Megan Maxwell, regresso aos livro eróticos, mas, para satisfação minha, muitos dos clichés deste género não estão presentes. Em primeiro lugar, tal como acontece na maioria dos livros da autora, a personagem feminina é forte, e não apenas uma rapariga sem rumo, sem saber o que quer e com fraca autoestima. Yanira é uma personagem forte o suficiente para que seja possível perceber as suas atitudes, as suas decisões e a suas paixões, sem cair no ridículo que alguns enredos eróticos apresentam.

Outro ponto que me agradou está no simples facto de o homem por quem Yanira se apaixona ser um homem banal, com as suas virtudes e defeitos, mas sem ser o super atraente homem bem sucedido de fato e que tem dinheiro para quebrar todas as barreiras dos sonhos que para nós são impossíveis. Não que tal fosse mau, mas está a tornar-se no cliché deste género, e gostei da mudança.

A autora continua com a sua escrita leve e rápida, sem nunca deslumbrar, mas também nunca sendo aborrecida. A narrativa irá facilmente prender um leitor que procure este género e durante a primeira metade o livro desenrola-se de forma coesa e com sentido. Todavia, na segunda metade do livro existe uma quebra na progressão da narrativa, e por vezes parece que a autora se perdeu, ou então perdeu a objetividade, pois não percebi o porquê de alguns acontecimentos e o que eles davam ao próprio leitor. No entanto, visto que existe uma continuação, acredito que o próximo livro me possa explicar o porquê de alguns acontecimentos e diálogos que não oferecem muito a este primeiro livro.

As personagens são interessantes, apesar de nem todas serem exploradas o suficiente, e fiquei com a sensação que o livro podia centrar-se menos nas duas personagens principais. Todavia, percebo o objetivo da autora em querer agarrar-nos a este romance. O final é algo inesperado, e é aqui que a autora prende o leitor para o próximo livro, pois esta história não acaba, mas é sim apenas a primeira parte de um todo. Como tal, por não ter um final, é-me difícil criar uma opinião ao enredo, porque, do meu ponto de vista, ele apenas vai a meio. Por isso, deixarei uma opinião mais aprofundada para o final do segundo livro.

Resumindo, a autora volta a dar-nos uma personagem feminina forte o suficiente para que todo o livro ganhe com isso, pois não estaremos apenas a ler sobre uma mulher cheia de dúvidas sobre si e o que a rodeia. A leitura é bastante rápida e facilmente agradará aos fãs do género. Se gostam da autora, irão gostar deste livro mesmo tendo em conta que existe a quebra que já mencionei. Opinião ao próximo livro dentro de pouco tempo para ver como tudo acaba.

Luís Pinto

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

NÃO DIGAS NADA


Autor: Mary Kubica

Título original: The good girl




Sinopse: Tenho andado a segui-la nos últimos dias. Sei onde faz as compras de supermercado, a que lavandaria vai, onde trabalha. Nunca falei com ela. Não lhe reconheceria o tom de voz. Não sei a cor dos olhos dela ou como eles ficam quando está assustada. Mas vou saber.»
Filha de um juiz de sucesso e de uma figura do jet set reprimida, Mia Dennett sempre lutou contra a vida privilegiada dos pais, e tem um trabalho simples como professora de artes visuais numa escola secundária. Certa noite, Mia decide, inadvertidamente, sair com um estranho que acabou de conhecer num bar. À primeira vista, Colin Thatcher parece ser um homem modesto e inofensivo. Mas acompanhá-lo acabará por se tornar o pior erro da vida de Mia.


Depois de muito recomendado, decidi ler o primeiro livro de Mary Kubica e gostei bastante. O que torna, na minha opinião, este livro acima da média são dois fatores. O primeiro é a forma como o enredo é narrado. Kubica leva-nos a saltar entre o antes e o depois da noite em que Mia conhece Colin, e com estes saltos, iremos tentar perceber o porquê do futuro quando lermos o passado, e vice-versa. 

Este saltitar ajuda a que a nossa atenção esteja sempre no máximo, pois queremos explicações, porque por vezes o autor mostra-nos algo no futuro e queremos saber como tal aconteceu, ou porque vemos algo no passado que sabemos que irá ter peso no futuro. E esta montagem que pode parecer complexa e capaz de destruir a narrativa, é, afinal, o grande trunfo do livro. A sensação que tenho no fim da leitura é que se a narrativa fosse sempre temporalmente em linha reta, não me teria prendido da mesma forma, mas assim, querendo ligar acontecimentos, fui avançando a grande velocidade, não conseguindo parar no último terço do livro. Resultado? Leitura compulsiva até ao último capítulo.

E é no último capítulo que está o outro trunfo do livro. Não é preciso muito para vermos que algo está errado. O enredo está a tentar enganar-nos, é óbvio, e tentamos perceber onde, tentamos antever o final porque acreditamos que haverá um twist... mas mesmo procurando, mesmo sabendo que vai haver, a grande maioria dos leitores ficará de boca aberta quando o livro acabar. E é nesse momento que este livro confirma que é melhor do que a generalidade dos thrillers psicológicos.

Sim, este é um thriller psicológico. Aliás, a narrativa não tem como base a investigação em si, mas sim o aprofundar psicológico de Mia e de Colin, quer tanto para os porquê das suas ações, mas também para nos mostrar como é o mundo que os rodeia. E assim quase que somos esmagados pela forma como a narrativa nos expõe estes personagens, querendo que o leitor sinta que os conhece, mas a realidade é que não os conhece.

Para além de tudo isto, o livro faz um bom trabalho a explorar uma visão muito particular de uma família sem problemas financeiros e "presa" a um modo de vida da qual não quer, nem pode sair. Mia é a personagem que faz o contraste dentro dos ricos, mas tudo isto é apenas para tornar o mundo mais coeso, porque depois a narrativa volta ao perfil psicológico das duas personagens principais enquanto avança e recua no tempo.

Este é um dos melhores thrillers psicológicos que li nos últimos tempos. É óbvio que tem falhas, com alguns diálogos forçados e personagens um pouco estereotipadas, mas o resultado final continua a ser bom o suficiente para tanta gente mo recomendar. Gostam de thrillers psicológicos? Gostam de serem obrigados a pensar durante uma leitura e serem surpreendidos? Então leiam este livro.

Luís Pinto 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O POÇO DA ASCENSÃO


Autor: Brandon Sanderson

Título original: The well of ascension




Há livros que nos marcam para sempre. Uns pela sua ideia, outros por momentos que não conseguimos esquecer. Outros porque nos agarram do início ao fim, levando-nos a folhear mais uma página a cada minuto livre. O Império Final, primeiro livro desta saga, teve esse efeito em mim e foi o meu livro favorito do ano passado, com grande destaque no meu top anual.

Agora, com este livro, o segundo da saga, acreditei que a minha enorme expectativa poderia matar o livro... mas o livro é tão bom, que já só quero ler o terceiro. Aquela que é a saga mais bem pontuada no Goodreads, o que é suficiente para dizer que esta saga é mesmo boa, está a convencer-me a cada livro. Mas vamos lá analisar isto com calma.

Em primeiro lugar vamos dizer o que todos queremos saber... este livro não é tão bom quanto o primeiro. Esta é a minha opinião e pode mudar de pessoa para pessoa, mas, para mim, o primeiro livro conseguiu criar um personagem fantástico, Kelsier, mas mais do que isso... O Império Final fez, num único livro, uma das melhores construções de um vilão que alguma vez li, levando-nos a questionar mitos, lendas, a perceber o que se perde de conhecimento enquanto os anos avançam e o quanto se pode apagar algo da História. Olhemos para a nossa própria História, enquanto humanidade, e pensemos em quantos momentos estamos a ser enganados, simplesmente porque muito do nosso conhecimento é baseado no que alguém escreveu...

Neste, o enredo é totalmente diferente do anterior, e ao mesmo tempo tão parecido, porque todo o ambiente do livro anterior está aqui presente, ajudando a que seja possível sentir que ainda estamos a ler o mesmo livro, numa perfeita continuação. Mas com este diferente foco, o livro olha para outras personagens, aprofundando-as, e agora é Vin quem cresce e se torna numa personagem muito bem conseguida, com as suas dúvida, com os seus receios e sonhos, e, principalmente, com um poder suficiente para fazer a diferença. Claro que outras personagens ganham importância, como por exemplo Elend durante uma boa parte da narrativa, ou até Sazed, que aqui volta a ser a balança para várias questões do enredo e que não irei explorar aqui.

Agora, o que torna este livro tão bom? Em primeiro lugar, o próprio enredo, que nos engana em alguns momentos, surpreendendo-nos depois, e claro, pelas questões que levanta e pelas ligações que cria entre personagens. Tal como o livro anterior, a narrativa explora bastante a religião enquanto devoção, vendo tanto o que nos dá como o que nos tira. A isto junta algumas questões, que passam pela construção da própria religião e como ela nos pode ajudar durante os momentos de aflição ou perda. Quando perdemos alguém que amamos, o que nos oferece a religião? Conforto? Revolta? Compreensão? Significado?

No meio de tudo isto está a parte política do enredo, agora muito mais presente, envolvendo estratégias militares mas também política interna, principalmente focada nas necessidades das comunidades. Neste aspeto, o resultado é um impressionante desenrolar de acontecimentos que fazem todo o sentido e no qual vários personagens fazem a sua jogada. Aliás, o grande trunfo deste livro é que tudo faz sentido, mesmo com tantos personagens a lutarem por si, e tudo se liga ao livro anterior. O choque de várias culturas está muito bem conseguido, com os kandras a terem grande destaque, e a maturidade/crescimento de algumas personagens é de assinalar, algo que apenas não irei explorar para não revelar nada. E sobre tudo isso poderia estar aqui muito tempo a escrever, sem nunca abordar todos os temas do livro e sem fazer jus ao seu mérito enquanto narrativa.

Com personagens cativantes, um ritmo elevado, muita intriga e batalhas bem delineadas, esta obra é fascinante e quase tão boa quanto o primeiro. Se mesmo assim estiverem indecisos, vejam opiniões noutros blogs, vejam as pontuações que as pessoas deram a estes livros no Goodreads, e provavelmente ficarão convencidos, porque é difícil falar mal de um livro tão bom. Livro do ano? Ainda é cedo, mas está bem encaminhado. Esperemos que o próximo não demore muito a ser lançado! Totalmente recomendado a todos e não apenas a quem goste de fantasia!

Luís Pinto

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A LISTA NEGRA


Autor: Brad Thor

Título original: Black List




Sinopse: Algures no seio do governo norte-americano existe uma lista muito bem guardada. Nunca é vista sequer pelos membros do Congresso, apenas pelo Presidente e a sua equipa secreta de assessores. Quando o nome de uma pessoa surge na lista, só é eliminado… quando a pessoa está morta.
Alguém acabou de adicionar à lista o nome do agente contraterrorista Scot Harvath. E ele agora terá não só de escapar às equipas designadas para o assassinarem, como descobrir quem colocou o seu nome na lista e porquê. E isto antes que os Estados Unidos sofram o maior ataque terrorista de todos os tempos…
 


Brad Thor é conhecido pelos seus thrillers rápidos e intensos, e neste, o 11º livro sobre o detetive Harvarth (cada livro é independente), temos um dos melhores trabalhos do autor )por opinião da crítica).

Este é o primeiro livro que leio de Brad Thor e rapidamente me cativou. O enredo prende o leitor com facilidade devido à sensação de urgência e também de possíveis conspirações, e mesmo não tendo lido os anteriores livros, entrei rapidamente na ação, levando-me a ler sem parar. No entanto, tal como seria de esperar, o facto de não ter os livros anteriores leva-me a que não conhecer a personagem de imediato, não sabendo o seu passado, os seus medos, os seus objetivos... mas o autor faz um bom trabalho a enquadrar o que é essencial na personagem para a compreensão deste livro.

Com um ritmo elevado, o autor leva-nos para um mundo cada vez mais baseado na obra prima de Orwell, 1984, onde cada vez mais tudo o que fazemos é observado e guardado. A informação rodeia-nos e nós próprios, levados pelas modas atuais, disponibilizamos essa informação sobre nós. Facebook, Twitter, Google... todas estas tecnologias sabem algo sobre nós. Sabem os nossos gostos, quais os nossos amigos, que viagens estamos a planear, o que andamos a comprar... até sabem a localização enquanto estamos a fazer algo numa rede social. Juntem tudo e temos a base de um enredo em que o controlo governamental é o tópico central.

O que mais me agradou no livro foi a forma como o autor conseguiu expor a base do próprio enredo. Bem estruturado, o enredo vai dando informação importante para o desenrolar dos acontecimentos e a leitura torna-se ainda mais rápida porque não temos de parar para pensar, já que o autor estrutura tudo muito bem. Em relação às personagens, o autor cria um bom conjunto mas não as explora todas, ficando a noção que algumas poderiam dar um maior contributo qualitativo ao enredo. Todavia, esta sensação pode vir do facto de apenas ter lido este livro na série, não sabendo que outras contribuições essas personagens já deram.

Com ação inteligente e sem grande momentos de paragens no ritmo da narrativa, o autor consegue criar um bom thriller que nos entra na cabeça e não nos larga até ao fim. Muitos leitores poderão mesmo ponderar a sua forma de olhar para as redes sociais e dependências de algumas tecnologias. O final, apesar de previsível, é competente e não deixa muitas pontas soltas, tornando este livro independente, tal como todos os outros da série.

Resumindo, Brad Thor é conhesido por thrillers intensos e inteligentes. Aqui está mais uma prova do seu método e do porquê da sua fama dentro do género. Não é um livro fantástico, mas consegue oferecer tudo o que queremos num thriller. Se gostam do género, podem olhar para este livro com interesse, porque merece ser lido.

Luís Pinto 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Darth Vader e o filho / Darth Vader e a sua princesinha


Autor: Jeffrey Brown




Sendo dois livros tão pequenos e para um público juvenil, não existe muito que se possa dizer sobre estas leituras. A ideia é simples... Darth Vader está a enfrentar a Aliança Rebelde, mas para além disso tem de educar os seus filhos que vão crescendo e tornando-se jovens rebeldes. Conseguirá Darth Vader educar bem os seus filhos? Tudo isto misturado numa banda desenhada divertida e cheia de pormenores dos filmes que conhecemos.

Para os fãs de Star Wars, como eu, será sempre um prazer ler um livro que consegue ser divertido e inteligente, usando vários pormenores do que conhecemos das personagens para criar momentos engraçados e que facilmente percebemos. Momentos e frases que ficaram imortalizadas são aqui expostas num contexto diferente, e que nos fará sorrir. 
A relação de Luke e Leia está muito bem conseguida, demonstrando os problemas habituais que conhecemos, desde o rapaz que quer ser igual ao pai e pergunta tudo o que o pai faz no trabalho, passando pela filha que passa horas ao telemóvel. 

Sendo um livro tão pequeno, trata-se de uma peça de colecionismo para os fãs da saga e ideal para qualquer idade. É divertido, qualquer jovem que o leia, e que conheça a saga, irá adorar esta leitura, tal como qualquer fã mais velho.

O que este livro nos dá, de forma simples, é um olhar nunca antes visto e extremamente divertido do que seria Darth Vader a educar os seus rebeldes filhos. Se gostam de Star Wars e apreciam este género de livros (ou se estão dispostos a começar a apreciar), não há muito que eu vos possa dizer, a não ser para comprarem o livro e rir um poucos com as misturas de situações divertidas e que se ligam rapidamente aos acontecimentos mais marcantes da saga.

Luís Pinto

domingo, 15 de fevereiro de 2015

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO À TERRA


Autor: João Cerqueira



Sinopse: Após regressar à Terra e conhecer a activista Madalena que luta por um mundo melhor, Jesus ver-se-á envolvido em três situações de conflito.
Encontra um grupo ecologista radical  que pretende destruir uma plantação de milho que supõe geneticamente modificada. Assiste à revolta dos habitantes de uma vila contra um empreendimento turístico que vai ser construído numa reserva florestal. Por fim, testemunha um conflito armado entre negros e ciganos.
Neste périplo irá conhecer vários personagens: os referidos ecologistas, um padre que o obriga a confessar-se, um autarca corrupto, empreiteiros sem escrúpulos, um Comandante da GNR obrigado a fazer de Pilatos, os habitantes de um bairro degradado, um bruxo, e um negro e uma cigana apaixonados.
Porém, conquanto se limite a acompanhar Madalena, tentando apenas pacificar os desavindos, nem assim Cristo volta a escapar à fúria dos homens. E apenas um farsante o irá reconhecer.



Para os mais distraídos, João Cerqueira é o autor de A tragédia de Fidel Castro (podem ler a minha opinião aqui), livro com o qual venceu vários prémios e foi nomeado em várias dezenas. Neste segundo livro o autor volta ao seu estilo, num enredo que é mais directo e com uma narrativa mais simples, mas não menos crítico.

Com muito humor e algum non-sense, João Cerqueira cria uma poderosa e hilariante crítica social na qual convida o leitor a ver as ligações, a perceber o que não é dado de forma direta, e a ver o quão ridículo é o que acontece à nossa volta, sem que nada mude. 

Criando um Jesus inadaptado e surpreendido com o que encontra na Terra, o autor leva-nos por uma história em que encontraremos um pouco de tudo, e em cada página a crítica está presente, umas vezes suave, outras vezes acutilante, preparada para nos fazer sorrir. O resultado final leva-nos a enfrentar aqueles que ficaram parados no tempo, presos ao preconceito, incapazes de ver a evolução e a mudança. Encontraremos os egoístas, os altruístas, os que querem ajudar, os que se acham mais espertos... e muito mais... é esta mistura de estereótipos com os quais sorrimos, mas que sabemos existirem, que iremos sorrir neste livro, ao ponto de quase esquecermos a base do próprio enredo: a vinda de Cristo à Terra.

Aqui, Cristo é um olhar que questiona, que não percebe, que tenta compreender e ajudar a mudar, mas enfrentará uma mentalidade que dificilmente se conseguirá mudar com rapidez. A mensagem que o livro passa será criada por cada leitor, pois aqui o autor deixa o livro aberto para quem o lê. A minha interpretação leva-me a um singular momento na qual o autor nos leva à insignificância que cada um de nós é nesta sociedade, e, ao mesmo tempo, o quanto somos importantes para a mudança, para a melhoria dos que nos rodeiam, mas também para melhorar tudo o que existe neste planeta. Afinal, se Cristo chegasse agora à Terra, quem o ouviria? O que mudava? Até que ponto queremos mudar? Até que ponto nos esquecemos dos ensinamentos do passado?

Original e imaginativo, este livro de João Cerqueira era exatamente o que esperava dele: um livro com qualidade, direto, capaz de me fazer sorrir, mas também de enviar uma crítica, de olhar para a sociedade que nos rodeia e ver o que a move. Cerqueira é um nome grande no seu género, um género que em Portugal não é muito apreciado, mas que tem sempre alguma coisa para nos ensinar. E os prémios que este autor ganhou são a prova da sua qualidade.

Luís Pinto

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

AS CINQUENTA SOMBRAS DE GREY


Autor: E. L. James

Título original: Fifty shades of Grey



Sinopse: Anastasia Steele é uma estudante de literatura jovem e inexperiente. Christian Grey é o temido e carismático presidente de uma poderosa corporação internacional. O destino levará Anastasia a entrevistá-lo para um jornal universitário. No ambiente sofisticado e luxuoso de um arranha-céus, ela descobre-se estranhamente atraída por aquele homem enigmático, sombrio, cuja beleza corta a respiração. Voltarão a encontrar-se dias mais tarde, por acaso ou talvez não. O implacável homem de negócios revela-se incapaz de resistir ao discreto charme da estudante. Ele quer desesperadamente possuí-la. Mas apenas se ela aceitar os bizarros termos que ele propõe... Anastasia hesita. Todo aquele poder a assusta – os aviões privados, os carros topo de gama, os guarda-costas... Mas teme ainda mais as peculiares inclinações de Grey, as suas exigências, a obsessão pelo controlo… E uma voracidade sexual que parece não conhecer quaisquer limites. Dividida entre os negros segredos que ele esconde e o seu próprio e irreprimível desejo, Anastasia vacila. Estará pronta para ceder? Para entrar finalmente no Quarto Vermelho da Dor?



É este o grande fenómeno literário dos últimos tempos e, quer se goste, quer não, conseguiu mudar a tendência do mercado, com editoras em todo o mundo a apostarem no género erótico, indo atrás desta onda. Os resultados estão à vista, com muitos autores, até agora desconhecidos do público em geral, a tornarem-se best-sellers... e tudo começo aqui. Milhões de livros vendidos, um filme mesmo quase a sair e muitos estudos feitos, tentando perceber o que mudou e qual o segredo deste livro.

Não tendo um grande conhecimento do género, não consigo afirmar se foi este livro a criar esta fórmula agora tão usada. Temos a mulher, elemento inseguro e frágil, de classe média. Depois, temos o homem, vistoso, bem sucedido, rico, atraente, misterioso. Tal como noutros livros que li do género (volto a dizer que não sei se foi este livro a "inventar" este conceito), o segredo do livro está em todo o mistério à volta do homem a quem o sucesso profissional tudo permite. Neste livro não é exceção e temos um homem que rapidamente nos demonstra que tem tudo ao seu alcance, que tem o controlo, e que tem um segredo.

E é, obviamente, esse segredo que dá o empurrão à história. É o querer desvendar o mistério que leva a personagem principal a avançar, mas também ao leitor a ler. Claro que é impossível, devido ao grande hype do livro, não saber o que é esse segredo, mas a leitura é rápida, sem esforço. O maior problema é, provavelmente, a sombra que em alguns momentos a autora envolve Grey, dando-lhe um "poder" sobre o enredo e, principalmente, sobre a personagem principal. No entanto, percebemos esse poder, porque é o mesmo que a personagem principal permite a este homem de sucesso.

Com uma fórmula ganhadora (basta ver as vendas), a autora junta uma escrita leve e objetiva. Por vezes acredito que é demasiado explícita, por vezes demasiado banal, mas compreendo que seja a forma da autora chocar o leitor e levá-lo a entrar neste mundo que por vezes parece surreal. O enredo, interessante, capaz de prender pelo caso amoroso, está dentro do esperado no género, e apenas oscila porque em alguns momentos a autora não desenvolve o suficiente, com momentos que pouco oferecem à narrativa ou diálogos mais forçados. Todavia, estes são momentos que rapidamente deixamos para trás.

Globalmente, este é um livro que em certos momentos se gosta, noutros não. Mas, o que é indiscutível, é que este livro é o apogeu do seu género, porque transmite para o leitor a aura misteriosa que envolve Grey, e por muito outros motivos que deixarei cada leitor descobrir. Apesar de não ser um género que aprecie particularmente, talvez porque raramente me surpreende, a verdade é que consigo perceber o porquê do seu sucesso. As cinquenta sombras de Grey junta vários aspetos que o público feminino costuma aderir em massa e é aí que está a diferença para outros... e é por isso que é tão amado por um público, mas também tão repudiado por um leitor que seja mais exigente e não aprecie o género. Se gostam do género, este é um livro a ler... contem com uma análise mais aprofundada com a continuação da saga.

Luís Pinto

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

DORA BRUDER


Autor: Patrick Modiano

Título original: Dora Bruder




Sinopse: Anos atrás, o narrador depara-se com um anúncio publicado no Paris-Soir de 31 de dezembro de 1974: «Procura-se uma rapariga, Dora Bruder, de 15 anos…» Quem era Dora Bruder? Desde esse dia, o destino da jovem judia enredada nas malhas da ocupação nazi nunca mais o largou, obcecado que estava em reconstruir a sua história até aos momentos finais no campo de Auschwitz. Este livro (como aliás, toda a obra do autor) é assim um combate contra o esquecimento, uma afirmação portentosa dos caminhos redentores da memória – contra tudo aquilo que nos macula e destrói. Com ele, Modiano escreveu porventura a sua melhor obra – e uma das mais notáveis da moderna literatura francesa.


O vencedor do Prémio Nobel de 2014 era um nome que desconhecia. Já ouvira falar do seu trabalho, mas nunca lera nada do autor. Na última semana agarrei naquela que é, provavelmente, a sua mais impressionante obra, e apesar de acreditar que não será um livro favorito de muitos leitores, é um livro impressionante, e que ficará connosco para sempre.

Começa lento, direto, objetivo, transportando de imediato o leitor para um ambiente quase palpável, angustiante e sombrio, quase como um murro no estômago durante todas as páginas em que Modiano nos dá uma impressionante visão da Segunda Guerra Mundial. 

A busca sobre esta jovem, tentando saber quem era, o que lhe aconteceu... é avassaladora, levantando o autor a querer que tudo corra bem, como se de pura ficção de tratasse, sem nunca esquecer que esta história é real, e não é única... e é com essa noção que nos apercebemos da realidade de que Dora Bruder não foi apenas uma história isolada, mas sim a repetida história de muitas pessoas durante aqueles anos. Dora Bruder, neste livro, não é apenas uma rapariga, é a realidade de muitas. O autor sabe-o, nunca nos diz tal coisa, mas nós sabemos, e assim continua a busca por alguém de quem apenas sabemos o nome do início.

O incrível neste livro é a forma como o autor nos agarra. Sendo um livro bastante lento e metódico, a verdade é que o li rapidamente, querendo saber mais, procurando pistas e ligações, desejando o golpe de sorte que fará o autor encontrar Dora. Mas, mais do que tentar encontrar a rapariga, o que fica na nossa memória são as descrições, sem emoção, que o autor nos vai dando daquela época, daquele mundo ao qual muitos decidiram fechar os olhos. 

No final o que temos é um impressionante relato de um ponto de vista pouco usual deste conflito, tornando este livro único e incrivelmente marcante. Não será o favorito dos leitores, talvez nunca o voltemos a ler, mas marcará para sempre. E talvez seja por isso que este autor ganhou o Nobel, porque, tal como foi descrito vários vezes, escreve contra o esquecimento, leva-nos a recordar algo para sempre. Paradoxalmente forte e sem emoções, Modiano tem aqui uma obra de mestre mas que não é para qualquer leitor. É sim, para todos os que queriam entrar nesta época, preparados para tudo. 

Luís Pinto

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O BICHO-DA-SEDA


Autor: Robert Galbraith

Título original: The Silkworm




Sinopse: Quando o escritor Owen Quine desaparece, a sua mulher contrata os serviços do detetive privado Cormoran Strike. De início pensa que o marido se ausentou por uns dias - como já acontecera anteriormente - e recorre a Strike para o encontrar e trazer de volta a casa. No decorrer da investigação, torna-se claro que o desaparecimento do escritor esconde algo mais.
Quine tinha acabado de escrever um romance onde caracterizava de forma perversa quase todas as pessoas que conhecia. Se o livro fosse publicado iria certamente arruinar algumas vidas - pelo que haveria várias pessoas interessadas em silenciá-lo. E quando Quine é encontrado, brutalmente assassinado em circunstâncias estranhas, começa uma corrida contra o tempo para tentar perceber a motivação do cruel assassino, um assassino diferente de todos aqueles com quem Strike se tinha cruzado...


J.K. Rowling regressa com mais um livro da saga de Cormoran Strike. O já famoso detective tem, quase uma dezena de meses após o anterior livro, um novo caso que vale a pena ler. Em primeiro lugar devemos salientar que Rowling continua, tal como fez com a saga Harry Potter, a desenvolver as suas personagens com mestria e num ritmo quase perfeito. A cada capítulo há algo mais que aprendemos sobre Strike, ou até sobre Robin, que cada vez mais se torna numa personagem importante. Este aprofundar aparece de forma suave, muito graças ao alargar do expetro da narrativa, com a autora a mostrar-nos um pouco mais da vida pessoal de cada um, tal como dos seus passados. O resultado é uma sensação de que cada vez percebemos melhor a personagens, culminando numa melhor compreensão das suas atitudes, quer neste livro, quer no anterior.

Sendo um policial, a grande atenção do leitor está na investigação, e, se por sorte, rapidamente adivinhei o assassino do livro anterior (volto a referir que foi apenas sorte), aqui a autora surpreendeu-me completamente, pois nunca adivinharia quem matou Quine. Todavia, o mérito de Rowling (ou se preferirem, de Galbraith) está no facto, não da autora surpreender, mas de nos ter dado todas as pistas necessárias para que nós fizéssemos a investigação e tivéssemos chegado à mesma conclusão que Strike, o que no meu caso resultou no facto de ter percebido qual a manobra principal do assassino sem descobrir a identidade do mesmo.

Tal como no primeiro livro, e dentro do género britânico, a autora apresenta um conjunto de suspeitos que nos irá "baralhar as contas" e que, acredito, resultará numa agradável surpresa para muitos leitores. A isto junta-se uma narrativa muito mais negra na qual Rowling parece amadurecer dentro deste género e envolve-nos num cenário muito mais sombrio e macabro. É notório, sensivelmente a meio do livro, que a autora dá um passo em frente na maturidade da saga, quer seja nos problemas pessoais de cada personagem, quer no próprio caso. De salientar ainda que Rowling não se limita a colocar Strike num caso, mas sim em vários, sendo que os outros, apesar de serem totalmente secundários dão a noção ao leitor de que Strike tem mais trabalho e mais obrigações para lá do caso principal, o que torna a história mais convincente.

Acima de tudo, este é um livro coerente e sólido. Rowling cria algo com sentido, e, uma vez mais, cria personagens com grande qualidade. No entanto o grande destaque vai para os diálogos, inteligentes e com significado, e para os detalhes que a autora vai colocando durante o livro e que são fundamentais no final. Globalmente, apesar de um ou outro momentos mais óbvios, o que Rowling nos oferece aqui é um livro superior ao anterior, mais focado no que gira à volta de Strike e não apenas na personagem em si. A investigação é apelativa, apesar de mais lenta no início e os personagens cativam-nos, deixando portas abertas para o próximo livro.

Rowling melhorou dentro do género, deixando-me uma grande expectativa em relação ao próximo. Se gostaram do anterior livro da saga, ou se gostam de policiais, este livro é uma grande leitura que mistura vinganças, remorsos, ressentimentos, invejas, amor... é o melhor livro que Rowling já escreveu fora da saga Harry Potter.

Luís Pinto


sábado, 7 de fevereiro de 2015

Passatempo: O Bicho-da-seda - Vencedor!


PASSATEMPO

O Bicho-da-Seda


Vencedor!


Chegou ao fim mais um passatempo em parceria com a Editorial Presença, e já temos o vencedor que irá receber um exemplar do novo livro de Robert Galbraith!

Obrigado a todos os que participaram, e desejamos melhor sorte para a próxima caso não tenham ganho. Aproveitem ainda outros passatempos do blog e estejam atentos porque a opinião a este livro está quase a sair!

E o vencedor é:

Catarina Susana Gonçalves Pereira

Parabéns à vencedora!



Sinopse: Quando o escritor Owen Quine desaparece, a sua mulher contrata os serviços do detetive privado Cormoran Strike. De início pensa que o marido se ausentou por uns dias - como já acontecera anteriormente - e recorre a Strike para o encontrar e trazer de volta a casa. No decorrer da investigação, torna-se claro que o desaparecimento do escritor esconde algo mais. Quine tinha acabado de escrever um romance onde caracterizava de forma perversa quase todas as pessoas que conhecia. Se o livro fosse publicado iria certamente arruinar algumas vidas - pelo que haveria várias pessoas interessadas em silenciá-lo. E quando Quine é encontrado, brutalmente assassinado em circunstâncias estranhas, começa uma corrida contra o tempo para tentar perceber a motivação do cruel assassino, um assassino diferente de todos aqueles com quem Strike se tinha cruzado...

Robert Galbraith é um pseudónimo de J. K. Rowling, a autora dos livros da série Harry Potter e de Uma Morte Súbita, também publicados em Portugal pela Editorial Presença.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

UM CONTO DE NATAL


Autor: Charles Dickens

Título original: A Christmas carol



Sinopse: Um Conto de Natal ou O Natal do Sr. Scrooge é talvez um dos mais conhecidos contos da literatura universal e, sem dúvida, o mais conhecido conto de Natal. Nele, todo o sortilégio do Natal é tratado na prosa de um dos melhores caricaturistas sociais de todos os tempos, que foi talvez aquele que melhor soube apreender e transmitir o espírito do Natal!
Inúmeras vezes adaptado ao teatro, cinema e televisão, poucos serão aqueles que ainda não ouviram falar do fantasma do Natal Passado, do fantasma do Natal Presente e do Fantasma do Natal Futuro e do velho avarento que é visitado por estes espíritos que lhe transmitirão o verdadeiro sentido do Natal.


É uma das histórias mais famosas da literatura. Lembro-me de em criança ver uma adaptação deste conto, em que Mickey e companhia eram os atores principais. Durante anos adorei esta história, e a verdade é que não tinha a maturidade suficiente para a compreender, mas houve algo que me ensinou sem sequer notar. É isso que as melhores histórias fazem: ensinam algo, qualquer que seja a idade do leitor, qualquer que seja a mensagem, há algo que retemos.

O que torna este livro no grande clássico que todos nós conhecemos é o facto de existirem tantas mensagens nesta pequena obra. A capacidade que o autor teve ao mostrar-nos a vida do personagem principal com a ajuda de três fantasmas é, por mais simples que pareça, de uma objetividade impressionante, pois tudo o que precisamos de saber sobre o personagem está ali descrito, em pequenos momentos que marcam a nossa vida.

Poucas coisas estão presentes a cada segundo da nossa vida... a noção de morte, a necessidade de amor, o poder do dinheiro nesta sociedade. Aqui, neste imortal clássico, fala-se destes três pontos, e como damos mais valor a uns do que a outros. Afinal, o que é mais importante na nossa vida? Quando Shakespeare escreve o momento em que Hamlet olha para a caveira e nos diz indiretamente que por mais que tentemos ser luxuosos, bonitos e tentemos enganar a velhice, todos terminaremos assim, numa caveira, o que nos está a dizer o autor? Aqui, quando Scrooge vê o seu futuro, com todo o seu dinheiro, o que está Dickens a mostrar-nos?

Este é um livro que todos deviam ler, seja qual for a idade, há aqui muito para aprender e pensar. A importância da família, de amigos, e de ter prazer a ajudar e a dar sorrisos aos que nos rodeiam. Este é um livro que nos indica que há coisas que não sendo materiais, são demasiado importantes para abdicarmos delas, porque as coisas materiais dão mais prazer quando são partilhadas com quem amamos.

O que faríamos nós se fossemos visitados por estes fantasmas? O que mudávamos? O que é, realmente, importante para nós?... Um livro obrigatório, cheio de significados, diferentes para cada leitor, mas universal à humanidade. Se estes fantasmas nos visitassem realmente, talvez todos nós fizéssemos algo melhor no nosso futuro, mesmo sem o percebermos. Um livro fantástico. Leiam-no, mas não se limitem a ler. Sintam-no, pensem sobre ele, e ofereçam-no aos vossos filhos. 

Luís Pinto

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Passatempo: Nigella - Vencedor!


PASSATEMPO

Cozinha com a Nigella

Vencedor!



Chegou ao fim mais um passatempo, com várias participações e tenho de agradecer a todos os que divulgaram e participaram neste passatempo!

Infelizmente apenas podemos oferecer um livro, mas tentarei repetir este passatempo nos próximos meses!

A todos os que não ganharam, boa sorte para a próxima!

E o vencedor é: 

Rute G. Alves Correia

Parabéns à vencedora!

Novos passatempos nos próximos dias!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A ÉTICA DAS FINANÇAS


Autor: Robert J. Shiller

Título original: Finance and the good Society




Sinopse: A reputação da indústria financeira, no doloroso rescaldo da crise de 2008, não podia ser pior. Robert Shiller não é apologista dos pecados financeiros; é, provavelmente, a única pessoa a ter previsto tanto a bolha do mercado de ações de 2000 como a bolha imobiliária que levou ao colapso das hipotecas subprime. No entanto, neste livro, importante e oportuno, Shiller argumenta que, em vez de condenar as finanças, é antes necessário recuperá-las com vista ao bem comum. 


Hoje trago-vos um livro diferente e, portanto, uma opinião diferente. Li este livro porque o tema me interessa e porque Shiller é um dos grandes nomes da Economia mundial (ainda há uns dias veio a público afirmar que Portugal é o melhor país para se investir). Com uma escrita interessante, Shiller tenta descortinar o que nós, povo, podemos ganhar com a economia, o quanto ela nos mudou a vida, e o quanto a economia precisa de ser alterada para que se revitalize.

Sendo apenas um livro para quem se interesse pelo assunto, Shiller tenta falar numa linguagem que seja acessível a quem tenha poucas noções da área, podendo um leitor sem grande conhecimentos de economia entrar neste mundo e perceber os conceitos básicos que sustentam a economia e, principalmente, as teorias do autor. Assim, direto e com uma narrativa inteligente e bem montada, vemos como o autor acredita que o mundo económico deve sustentar os bens de cada pessoa, tornando-se mais claro, mais justo e com um objetivo delineado de ajudar à sustentação de cada um. 

De forma global, enquanto demonstra algumas teorias falhadas e algumas causas para o estado atual da economia, o autor afirma que a criatividade é fundamental na economia para que a mesma possa evoluir em vez de estagnar nos conceitos das últimas décadas. Com o fosso entre ricos e pobres cada vez maior, Shiller apresenta o porquê desse fosso, algumas ideias para o combater e o que temos de mudar na mentalidade, deixando de olhar para a economia como apenas acessível a alguns, dando oportunidade a todos para gerirem e terem maiores noções do que a economia lhes pode oferecer.

Não existe muito que possa analisar neste livro. Esta minha análise é mais para vos recomendar um livro que me interessou bastante dentro do género e que por ter uma linguagem acessível, recomendo a quem queria mergulhar no mundo da economia, percebendo algumas tendência, desmistificando alguns problemas, respondendo a algumas perguntas, convidando o leitor a estudar este mundo.

Luís Pinto