segunda-feira, 27 de abril de 2015

A SENDA OBSCURA



Autor: Asa Larsson

Título original: Svat Stig



Sinopse: Está escuro no Norte da Suécia e uma tempestade de neve fustiga o lago gelado de Torneträsk. Procurando abrigo do frio mortal, um pescador encontra o cadáver de uma jovem numa cabana. A vítima é Inna Wattrang, uma executiva da empresa mineira Kallis Mining. Anna-Maria Mella, a inspectora da polícia encarregada do caso, precisa da ajuda de um especialista em leis, e conhece o melhor: Rebecka Martinsson. Juntas iniciam uma investigação em duas frentes que parece revelar uma sinistra relação entre o ambiente que rodeia a vítima e o dono da empresa.



No início deste mês li pela primeira vez um livro desta autora (Sacrifício a Moloc) e que gostei. Sendo assim, decidi regressar a esta autora e tentar perceber se me conseguiria levar por mais uma viagem intensa. 

Este livro é mais obscuro e mais forte do que o anterior que li (que por acaso é cronologicamente posterior a este), tal como é mais lento, mais abrangente e mais pessoal. O que notei de imediato foi que este é um enredo mais complexo que facilmente origina um ritmo mais lento, pois a autora não se foca apenas na investigação mas também na vida pessoal das duas personagens principais. Este "desviar" de atenções aumenta o tamanho do livro mas também ajuda a uma melhor compreensão da personagem, sendo algo que me agradou.

A isto a autora junta uma indireta mas poderosa crítica social, com grande foco na capitalismo sueco, e nas recentes mudanças de mentalidade social, e que encaixam perfeitamente na investigação, ficando claro que a autora não se limitou a explorar conceitos, mas que os ligou de forma interessante. E assim, apesar do desenvolvimento da investigação ser lento, estamos em constante avanço em relação ao "ambiente" necessário para conhecermos os motivos do crime.

Um dos aspetos que mais me agradou foi o desenvolver das personagens principais, com grande destaque para a vida para lá da investigação mas que está diretamente ligada a muitas decisões que se tomam na vida profissional. Com tudo isto, o livro deixa de ser apenas um enredo centrado na investigação e torna-se coeso, mas o ritmo sofre com isso.

Os policiais podem ser mais ou menos rápidos. Nuns casos pede-se um ritmo acelerado, sempre intenso. Noutros pede-se uma investigação pausada, com momentos chaves em que a investigação evolui, e este livro tem essa narrativa mais pausada. O facto de ser muito mais complexo, com vários saltos, dificultou-me a leitura no início, pois não percebia onde tudo estava a encaixar, e por tudo isso não foi um livro tão entusiasmante de ler quando comparado com Sacrifício a Moloc, mas a qualidade está aqui, bem presente, de forma complexa, pedindo a nossa atenção.

Não é um livro fantástico, não revoluciona e não tem um impacto enorme no final, mas todo o livro respira qualidade. Poderá não ser o favorito de ninguém, mas os fãs do género gostarão da sua investigação e da forma como as personagens são exploradas. Se gostam de policiais a um ritmo moderado, focados no detalhe, então este é uma boa escolha.

Luís Pinto

1 comentário:

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.