segunda-feira, 8 de junho de 2015

CONTAGEM DECRESCENTE



Autor: Bruno Franco





Sinopse: 31 de Dezembro. Passagem de ano.
Rodrigo Tavares, um proeminente detective da Polícia Judiciária, encontra-se em Almada para assistir ao espectáculo pirotécnico quando recebe um telefonema que muda a sua vida por completo, levando-o a perceber que tinha chegado o momento que tanto temera: a concretização de uma ameaça homicida proferida pelo assassino que mais lhe custara capturar no passado.
Rodrigo tem até dia 15 de Janeiro para deter o assassino, ou as consequências serão devastadoras. E não apenas para si. Quando o detective observa a forma excruciante e desumana como a primeira vítima fora assassinada, percebe a importância e a seriedade do que está a acontecer, e é então que começa a corrida contra o tempo.
O que começa por ser uma caça ao homem transforma-se rapidamente em algo muito maior e aterrorizador. Ao mergulhar num mundo de trevas e muitas dúvidas, medo e desespero, Rodrigo receia o futuro como nunca antes o fizera.



Apesar de ser o segundo livro desta saga, é o primeiro livro que leio do autor. Desde já posso afirmar que não é necessário ler o livro anterior para se perceber este enredo e para se conhecer as personagens, mas, obviamente, acredito que a minha leitura teria sido melhorada se o tivesse lido, pois o autor oferece nesta narrativa alguns flashbacks sobre o livro anterior que poderão ter mais significado para quem o tenha lido.

Posto isto, é preciso afirmar que Bruno Franco consegue criar um enredo viciante com altos e baixos de qualidade. Na parte mais negativa do livro está um conjunto de diálogos que me pareceram forçados e sem grande importância para a evolução da história, ficando a sensação que o autor poderia ter encurtado a leitura e aumentado o ritmo. Para além disso, e talvez seja este o factor que mais pode dividir os leitores, há o final em que o autor arrisca com um fim bastante aberto e que nos atira para o próximo livro. Apesar de ter gostado da ideia do autor, a verdade é que num policial pede-se sempre uma conclusão em alguns temas, por muito ligeira que seja. Com isto torna-se fácil indicar que os pontos negativos deste livro podem ser apagados no terceiro, quer seja por oferecer um final conclusivo, quer seja por dar significado a alguns diálogos deste livro, dando, obviamente, mais importância a algumas personagens que apesar de bem construídas não tiveram a importância que esperava.

No entanto o autor apresenta uma narrativa com muitos pontos positivos e que me levaram a ler sem parar. Em primeiro lugar está a forma como o autor usa o espaço em que o enredo acontece. Lisboa e Almada são o foco, e estão bem usadas, pois senti-me em casa e curioso para ver que outras ligações o autor iria fazer com estas duas cidades.

O autor cria ainda um conjunto de personagens interessantes. Claro que o nosso foco vai para o personagem principal, mas existem três ou quatro personagens com qualidade e que melhoram o livro. São variadas e bem construídas, com algumas a surpreenderem... uns porque são mais fortes do que esperava, outros mais fracos. Gostei dessa "humanidade" que o autor ofereceu a personagens que costumam ser bastante estereotipadas devido às suas profissões.

Com um ritmo interessante na maioria da narrativa, o livro poderia ser mais pequeno e objetivo, mas acredito que o autor esteja a preparar-nos para o último livro. Claro que o final bastante aberto poderá ser frustrante para alguns, mas também aumenta a vontade de continuar a ler. De um ponto de vista crítico, o autor não oferece nada de novo, mas num género tão explorado tal não é fácil e este livro destaca-se com uma boa investigação e por alguns momentos bastante criativos. A questão importante é que o livro é viciante e gostei ao ponto de querer ler o próximo e ver para onde este autor me irá levar. Por último, acredito que seja importante evidenciar a evolução na escrita do autor desde o início até ao fim do livro. Nota-se que o próprio autor foi aprendendo e que chegou ao fim deste enredo mais maduro, levando-me a acreditar que o último livro será o melhor.

Luís Pinto

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