segunda-feira, 24 de julho de 2017

OS DESPOJADOS


Autor: Ursula K. Le Guin

Título original: The Dispossessed




Sinopse: Em Anarres, um planeta conhecido pelas extensas áreas desérticas e habitado por uma comunidade proletária, vive Shevek, um físico brilhante que acaba de fazer uma descoberta científica que vai revolucionar a civilização interplanetária. No entanto, Shevek cedo se apercebe do ódio e desconfiança que isolam o seu povo do resto do universo, em especial, do planeta gémeo, Urras.
Em Urras, um planeta de recursos abundantes, impera um sistema capitalista que atrai Shevek, decidido a encontrar mais liberdade e tolerância. Mas a sua inocência começa a desaparecer perante a realidade amarga de estar a ser usado como peão num jogo político letal.
Que esperança e idealismo restam a Shevek, aprisionado entre dois mundos incapazes de ultrapassar as diferenças? E ao desafiar ambos os regimes políticos, conseguirá ele abrir caminho para os ventos da mudança?



Este é um dos mais famosos livros de Ursula K. Le Guin e um dos que mais prémios ganhou. Assim que acabamos o livro é notório que estamos perante uma obra de qualidade superior. Le Guin cria um mundo fantástico, capaz de nos fascinar e de ser, ao mesmo tempo, bastante real e paralelo ao nosso. Com a já sua habitual escrita rica e direta, a autora explora temas fraturantes da sociedade que ela própria cria, mas que são a imagem do mundo real. 

Com isto, a crítica social é bastante forte neste livro, levando-nos a questionar setores da sociedade e as suas bases. Le Guin começa de forma lenta, aprofundando o seu universo, para depois adicionar as personagens que farão a diferença. Duas personagens em particular serão os catalisadores em alguns momentos da história, mas sem nunca parecer forçado ou pouco coerente.

Apesar da história ser bastante interessante e de querer sempre ler mais para perceber onde a autora me estava a levar e como iria finalizar o enredo, a verdade é que o trunfo do livro está na forma como consegue expor a sociedade criada. As questões que levanta são os alicerces que tornam este livro na obra tantas vezes premiadas e que o torna numa obra que o afasta da base da literatura fantástica para ser um leitura que se adapta a qualquer género. Com isto quero dizer que mesmo um leitor que não aprecie fantasia ou ficção científica, tem aqui um enredo que o poderá prender do início ao fim.

O resultado final é um livro capaz de ser crítico e duro em alguns momentos e de deslumbrar noutros. Le Guin leva-nos a questionar o que nos torna diferentes ou iguais e quais os caminhos religiosos e políticos que queremos ou devemos seguir. A humanidade está em constante mudança, mas raramente é uma mudança fácil se for demasiado radical. Este é um livro sobre isso. Não é um livro que todos os leitores possam gostar, mas é totalmente aconselhado a quer ler a sinopse e ficar curioso.

Luís Pinto

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