quinta-feira, 2 de novembro de 2017

MONSTRESS


Autor: Marjorie Liu & Sana Takeda




Sinopse: Maika Meiolobo é uma adolescente que sobreviveu a uma guerra cataclísmica entre humanos e arcânicos, uma raça híbrida que descende dos Anciãos. Escravizada por bruxas inimigas que suspeitam dos seus poderes latentes, Maika começa a desvendar o seu misterioso passado e, durante o processo, descobre que tem uma ligação psíquica com uma poderosa criatura de outro mundo.
Perante a opressão e o terrível perigo, Maika torna-se caçadora e presa, perseguida por aqueles que desejam usá-la, colocando-a no centro de uma guerra devastadora entre forças humanas e sobrenaturais. Enquanto isso, o monstro no seu interior começa a despertar…
Com um ambiente negro e adulto, Monstress é uma junção de fantasia e ficção científica. A concisão e originalidade do universo em que a história decorre é um dos pontos mais elogiados, tal como a boa estruturação e complexidade da narrativa e das personagens. O estilo dos desenhos de Takeda retrata uma clara inspiração nas artes orientais do mangá e do anime, inseridos num ambiente steampunk altamente detalhado.



Apesar de o género BD não ser dos mais falados aqui no blog por mim, a verdade é que costumo ler alguns que tenham tido algum sucesso internacional ou que a crítica tenha aplaudido. Foi exatamente isso que aconteceu com este Monstress, aclamado pela crítica e agora editado pela Saída de Emergência, num primeiro livro que reúne os seis primeiros volumes da série.

Em primeiro lugar, destaque para a qualidade do papel e da impressão, a um bom nível tal como a editora já nos habituou. Olhando para o livro em si, gostei do estilo dos desenhos, no que me pareceu uma boa mistura de algumas tendências das atuais mangas num mundo steampunk bem conseguido. Existem bastantes detalhes em cada página, alguns que facilmente passam despercebidos se não estivermos atentos e que ajudam a sustentar este universo aqui criado.

Com uma narrativa complexa, um dos trunfos está na estrutura da mesma. Estamos sempre com a sensação de que não estamos a saber tudo, que algo nos escapa, enquanto o universo aos poucos se começa a revelar, levando, na maioria dos casos, a mais perguntas do que respostas. 

Outro aspeto muito positivo são os diálogos, inteligentes e complexos, cheios de significado e por vezes forçados a criar ainda mais perguntas. É verdade que em alguns momentos se percebe que certas perguntas poderiam ter sido feitas para ajudar à compreensão da história, mas é essa nuvem de mistério que nos faz continuar. No entanto, apesar de se sentir que alguns momentos podem ser mais forçados, o ritmo e o desvendar do universo levam-nos a continuar a leitura, sempre a absorver tudo o que vai acontecendo, principalmente nas várias mensagem escondidas em muitos diálogos.

Com personagens interessantes e um mundo com muito para dar, esta série parece ser tão boa como a crítica internacional indica. Para já, e estando muito no início, irei esperar por mais um livro para tirar conclusões mais concretas. Mas para já, parece-me claramente uma boa aposta para o público mais adolescente que aprecie alguns temas mais delicados, como a escravatura, racismo e a busca pelo nosso lugar numa sociedade desfeita. Venha o próximo!

Luís Pinto


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