domingo, 22 de agosto de 2021

O DEUS DAS MOSCAS TEM FOME

 
Autor: Luís Corte Real


Sinopse: Quem é Benjamim Tormenta, o famoso detetive do oculto que se move na Lisboa do século XIX?

Benjamim Tormenta. Figura elegante e misteriosa, tanto é avistada nos salões luxuosos da capital como nas ruelas decadentes de Alfama, em palacetes de Sintra ou casas de ópio de Macau.

 Cruzando-se com figuras como o rei D. Luís, Fontes Pereira de Melo ou Eça de Queiroz, ele usa as suas habilidades na Lisboa secreta: a dos deuses negros convocados por burgueses ociosos, das aberrações vindas do outro lado do Cosmos, dos livros amaldiçoados e da mais perigosa sociedade secreta do império português: a Irmandade da Serpente Verde.

 O que poucos sabem é que também Tormenta esconde um segredo tenebroso. Preso no seu corpo pela magia de muitas tatuagens está um demónio milenar que se quer soltar e espalhar a destruição, primeiro em Lisboa e depois no mundo.



Nos últimos meses tive de tirar umas é férias do blog, mas a paixão de ler não desapareceu. O resultado, tal como já esperava, é que tenho vários livros que já li e que tenho de analisar aqui no blog. Vamos lá ver se consigo recuperar o atraso que tenho.

Agora que regresso a este espaço, torna-se obrigatório que o primeiro livro a analisar seja este, por vários motivos. Porque é de fantasia, porque é português, e porque é escrito por Luís Corte Real, a pessoa que criou a editora Saída de Emergência e também a revista BANG!, um revista que qualquer fã de fantástico deverá conhecer. No post anterior neste blog até podem ver uma interessante conversa que tivemos no meu canal, espero que gostem!

Olhando agora para o livro, confesso que o nome do livro despertou-me a atenção e comecei a ler sem saber bem o que iria encontrar. Muitas vezes nas primeiras páginas de um livro percebemos logo o que o autor pretende ou qual o seu estilo. Aqui, não precisamos de mais do que duas ou três páginas para percebermos o quanto Corte Real quer que o leitor sinta que está naqueles locais, naquelas ruas à noite cheias de nevoeiro, do barulho dos coches, do cheiro de Lisboa, e não só... Luís Corte Real escreve com calma, com detalhe e, acima de tudo, com uma investigação como base que se nota rapidamente. Estava a ler estas páginas há poucos minutos e já me sentia em Macau, e depois em Lisboa. Este é um dos grandes trunfos do livro, a capacidade de nos transportar para aquela época, para aqueles locais. 

E assim sentimos que o livro nos "dá uma imagem" de como era Lisboa no século XIX. Como eram as ruas, como as pessoas falavam e se vestiam, como eram as ruas da nossa capital, os transportes nas ruas, os barulhos que se ouviam. E tudo isto é algo que nunca encontrei num livro de fantasia, o toque da aura da sociedade portuguesa. 

No entanto, confesso que o primeiro capítulo, apesar de muito bom na escrita e na forma como me transportou para este mundo, deixou-me com dúvidas sobre o caminho que a narrativa iria tomar. Trata-se de uma simples apresentação de personagem que marcava de imediato alguns limites da fantasia e deixava em aberto questões que eu queria respondidas logo a seguir. E é a partir do segundo capítulo que tudo se transforma, e porquê? Porque aparece uma personagem que dá o derradeiro toque de qualidade. Tal como está escrito na sinopse, Tormenta "partilha" o seu corpo com um demónio, e são os diálogos e a relação entre estes dois que faz a diferença. Adorei a forma como estes dois vivem, desprezando-se mas sabendo que um sem o outro não conseguiriam sobreviver a todas estas aventuras. Não vou revelar mais nada, mas acreditem que toda esta história é centrada nestes dois sem que existam momentos óbvios ou forçados e isso é refrescante para quem lê dezenas de livros por ano.

Olhando agora para a narrativa e história, o livro divide-se em vários contos, várias aventuras que terão uma ligação mais à frente e, enquanto vamos lendo, mais perguntas se vão criando, principalmente sobre as origens de algumas personagens e também quais as suas motivações e objetivos. 

Não quero revelar nada sobre este livro, mas posso dizer-vos que quando acabou, queria mais, e isso é algo que sinto cada vez menos nos livros de fantasia, principalmente pela falta de originalidade. Claro que este livro tem claras influências de grandes autores de fantasia, como por exemplo Lovecraft ou Arthur Conan Doyle, mas é uma mistura de vários conceitos que está bem conseguida, sem parecer forçada, e que é original em vários aspetos. Este é um livro que vive do seu suspense, de dúvidas na mente do leitor e de um ambiente bem detalhado mas que não estraga o ritmo da narrativa e assim nos empurra para continuar a ler. E acredita que o livro acaba de forma muito bem conseguida e que liga várias linhas condutoras para que depois todo o livro se torne melhor.

Depois de tudo isto, digo-vos que se gostam do género, este é um livro a ter debaixo de olho. Da minha parte, terei debaixo de olho o próximo livro, que claramente terá de acontecer e que espero que traga a mesma fórmula ganhadora com os trunfos que mencionei. Quem diria que Lisboa do século XIX poderia ter tanta fantasia ainda por se descobrir? Recomendado!

Luís Pinto

quarta-feira, 16 de junho de 2021

À conversa com Luis Corte Real da Saída de Emergência

 

Hoje tenho um post diferente! Uma conversa com a pessoa que criou a editora Saída de Emergência onde se falou sobre como uma editora funciona, Guerra dos Tronos, ficção científica, fantasia, e muito mais.

Espero que gostem!

 


 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

À DESCOBERTA DO UNIVERSO


  Autor: Stephen Hawking

 

Sinopse: «Chegou o momento de olhar para o Universo em vez de olharmos para dentro de nós…»

Como teria sido caminhar na Terra cheia de lava há 4,5 mil milhões de anos?
Como te sentirias ao lado de um vulcão em erupção? Ou se desses o primeiro passo na superfície da Lua? E o que farias se os robôs viessem a dominar o mundo? A série das aventuras de George criada por Lucy e Stephen Hawking foi um êxito a nível mundial. 

Pela primeira vez, os factos da vida real e as fascinantes teorias científicas apresentados nesses livros foram compilados num único volume, juntamente com novos conteúdos da autoria de destacados cientistas de todo o mundo.

Repleto de ilustrações, factos e números, este é o guia perfeito para tudo o que alguma vez quiseste saber sobre o Universo

 

Se segues este blog sabes o quanto gosto de livros sobre o Universo. Obviamente que quando é o grande Hawking a falar sobre este tema, temos de ler e este livro tem claramente o seu toque, pela forma como explica, pela forma como é divertido e pelas mensagens que deixa.

 É preciso começar por salientar que este livro é simples de ler, é fácil e dá prazer. A forma como os autores vão explicando tudo tanto pode ser lido por quem não domine o assunto tal como também dará prazer a quem já tem este conhecimento, porque a forma como o livro está escrito tem tanto de adulto como de sério em doses equilibradas.

O que me espanta mais é a facilidade com que o conhecimento é dado. Hawking traça um caminho que faz sentido onde vamos percebendo aos poucos as bases do que nos rodeia, com uma história que é mais do que conhecimento, é uma aventura em que tudo faz sentido, em que existe um fascínio por quem escreveu e também, neste caso, por quem lê.E é com uma enorme sensação de fascínio pelo desconhecimento que eu avanço nestas páginas enquanto o personagem também avança, em busca de respostas.

Para mim o segredo destes livros está na comunicação, na forma como tudo deve ser passado a quem lê, sem confusões, sem dúvidas, e com um toque de mistério que nos faça querer ler mais. É difícil não sentir este entusiasmo nestas páginas. Pelo meio o livro faz perguntas que parecem estranhas, mas que rapidamente queremos saber as respostas. Não são as perguntas que fazemos no nosso dia normal, mas mesmo assim queremos saber as respostas e, mais importante, o porquê.

Aquilo que para muitos é ficção científica é aqui misturado com o nosso dia a dia para mostrar os factos, o conhecimento que temos atualmente e ainda o desconhecimento de muito. é um livro fascinante, diferente, divertido, que deverá ser lido por todos os que gostem deste tema, quer já tenham lido muito ou não sobre o nosso universo.

Luís Pinto

 

 

 

segunda-feira, 10 de maio de 2021

COMO EVITAR UM DESASTRE CLIMÁTICO


 

Autor: Bill Gates

Sinopse: Neste livro necessário e factual, Bill Gates traça um plano prático, abrangente e acessível, mostrando-nos de que maneira o mundo pode eliminar as emissões de gases com efeito de estufa, a fim e a tempo de evitarmos um desastre climático.
Bill Gates passou a última década a estudar as causas e os efeitos das alterações climáticas. Com a ajuda de peritos no domínio da física, química, biologia, engenharia, ciência política e finança, procurou saber o que tem de ser feito para que o planeta não caminhe em direção a uma catástrofe anunciada. Neste livro, além de explicar porque temos de alcançar a neutralidade carbónica, o autor apresenta-nos os passos concretos fundamentais para o êxito desse objetivo.
Oferecendo-nos uma visão esclarecedora dos desafios que nos esperam e apoiado no seu vasto conhecimento em matéria de inovação e do que envolve lançar novas ideias no mercado, Bill Gates indica-nos as áreas em que a tecnologia está a ajudar-nos a reduzir emissões, onde e como podemos tornar a tecnologia atual mais eficiente, onde são necessárias novas soluções, e quem se encontra já a desenvolvê-las. Por fim, o autor dá-nos conta do seu plano, um guia prático e concreto para alcançarmos a neutralidade carbónica, sugerindo não só as políticas que os governos devem adotar, mas o que nós, indivíduos, podemos fazer para nos mantermos todos, incluindo os nossos líderes, responsáveis pelo êxito desta missão crucial.
Alcançar a neutralidade carbónica será tudo menos fácil, porém, se seguirmos o plano traçado ao longo destas páginas, é um objetivo que se encontra certamente ao nosso alcance.


É um dos temas mais falados dos últimos anos, e só não é mais porque estamos em pandemia. O tema dos possíveis desastres climáticos que iremos enfrentar tem ganho cada vez mais peso e mais atenção por parte de todos apesar de ainda faltar fazer-se muito no sentido de realmente os evitar.

Nesse aspeto um dos nomes mais sonantes nesta luta e na tentativa de alertar, tem sido Bill Gates, o homem que criou a Microsoft. 

O que mais me agradou neste livro foi a sua escrita simples. Bill Gates tenta chegar a qualquer leitor, tanto o que percebe bastante do tema, como o que não percebe, e a mensagem é passada de forma clara e objetiva. Como isto o que temos é um livro que facilmente percebemos e que facilmente nos leva a questionar. A questão não passa por se acreditamos em tudo o que ouvimos, mas sim em ler e questionarmos e percebermos o porquê desta discussão. E, após estarmos convencidos, percebermos o que deve ser feito. 

A questão interessante deste livro é a forma como está estruturado, pois estamos a falar de um problema global mas que precisa de ações globais e que muito irão afetar a nossa forma de viver se forem tomadas medidas mal pensadas ou precipitadas. E é essa visão macro e bem sustentada que Gates tem oferecer aqui. Isto é um caminho de pequenos passos que farão a diferença e a forma como o livro está escrito e montado é exatamente igual, dando conhecimento aos poucos e soluções sempre que necessário.

O resultado final é um livro muito interessante, que ensina bastante e que, tal como esperado, nos abre um pouco os olhos e nos diz o que todos teremos de fazer, desde cidadão até governante, para evitarmos o pior para as gerações futuras.

Luís Pinto


sexta-feira, 26 de março de 2021

A CIÊNCIA DO SISTEMA IMUNITÁRIO

 

Autor: Matt Richtel


Sinopse: Uma viagem, magnificamente investigada e emotivamente narrada, ao sistema imunitário humano 

A chave para a saúde e para o bem-estar, para a vida e para a morte. Um livro épico e único, que entremeia descobertas científicas de vanguarda e as narrativas íntimas das vidas de quatro pessoas, da autoria de Matt Richtel, jornalista do New York Times galardoado com um Pulitzer.

Através de ciência e de narrativa pura, compreendemos a forma como o corpo arranja forças para combater bactérias, vírus, parasitas e tumores, além do modo como o sistema que nos defende se torna uma ameaça em certas condições. Ficamos a conhecer o stresse sem precedentes que a vida moderna exerce sobre o sistema que nos mantém saudáveis, mas também descobrimos que os progressos alcançados pelos imunologistas nos dão esperança num futuro com vidas mais longas e com saúde. 



Gostei bastante deste livro. Começo já por o afirmar porque foi realmente uma leitura muito interessante. Confesso que já tinha lido sobre o nosso sistema imunitário e nas leituras anteriores aprendi bastante, mas este livro foi mais fácil de compreender. Foi principalmente a simplicidade do livro que mais me agradou. 

De um ponto de vista educacional, no nosso país muito pouco é explicado sobre um sistema que é incrivelmente importante no nosso corpo. E foi por isso que há uns anos li uns livros para tentar perceber melhor como tudo realmente funcional a um nível tanto macro como micro. Contudo, agora nesta fase em que atravessamos, finalmente parece que damos um bocado de atenção a estas nossas defesas naturais. E este livro chegou na altura certa.

Não querendo aqui explorar demasiado sobre o livro, devo dizer que nunca me cansei do livro. O autor consegue "baixar" ao nível de conhecimento que um pessoa normal, que nunca tenha estudado o assunto, poderá ter. Não é um livro em que alguém se sinta perdido, e isso faz toda a diferença. E aos poucos, vamos percebendo os conceitos, as bases e começamos a perceber como tudo se liga, como tudo faz sentido com o que fazemos no nosso dia a dia. E com esse conhecimento, acabamos não apenas por saber como tudo funciona, mas também como podemos tornar o nosso corpo mais saudável, mais forte contra invasores e mais rápido nessa resposta, pois o autor consegue muito bem criar as ligações entre a teoria e ciência e exemplos da nossa vida comum.

Sem ser maçudo, sem ser um labirinto, este é um livro que certamente estará no meu top de 2021. Uma leitura muito boa.


Luís Pinto